O bailarino, coreógrafo e pesquisador, Marcelo Evelin, integra a programação da Bienal Sesc de Dança 2023 com a residência Barricada, que busca pensar a proximidade como estratégia de defesa e o estar juntos como posição política. O projeto vem sendo desenvolvido desde 2019, tendo sido apresentado no Brasil e em países como Japão, Bélgica, Uruguai, Espanha, França e Portugal. Na Bienal Sesc de Dança, o elenco será formado por artistas locais, por meio de convocatória pública para uma residência com o artista, além da performance.
Evelin tem uma trajetória longeva nas bienais de dança do Sesc, onde apresentou os espetáculos Matadouro (2010), em 2011; De repente fica tudo preto de gente (2012), em 2013; Dança doente (2017), em 2017; e A invenção da maldade (2018), em 2019.
Nesta edição, o artista conduz a residência artística BARRICADA, cuja finalização será apresentada nos dias 21 e 22 as 19h na Estação Cultura.
O projeto integra uma das linhas propostas pela equipe de curadoria, que buscou colocar o público de Campinas em contato mais próximo com Marcelo Evelin, evidenciando a atuação do diretor também no âmbito do ensino e partilha de processo criativo.
“As pessoas estão mais isoladas, mais indiferentes umas com as outras. Eu não acho que é por causa da pandemia, é um processo do mundo. E a Barricada vem aí pra tentar dar uma oportunidade para as pessoas se tocarem, se pegarem de novo, se sentirem de novo”, analisa Marcelo ao ser questionado sobre a influência da pandemia sobre os corpos. “Eu vejo esse momento de toque como um presente”, completa.
Recentemente, o coreógrafo esteve em temporada com seu novo trabalho Uirapuru (2022), no Sesc Consolação. Outras criações e percepções já se manifestam no horizonte do artista “pensando muito em corpo vibrátil, em corpo que ressoa, em corpo que amplia as percepções e as ondas magnéticas que estão em volta dele. Pensando na função do corpo para além do movimento, do gesto, da execução de uma dança. Mas, pensando o corpo já realmente como gerador de uma série de pensamento, de ou de ideias que norteiam o mundo“, conta.
O corpo-vibrátil é um conceito da psicanalista Suely Rolnik em que, resumidamente, é capacidade dos nossos órgãos sensoriais de perceber o contato entre humanos e não-humanos como um campo de forças que nos impactam, afetam e se manifestam em nosso corpo através das sensações.
“Acho que a arte tem que funcionar dentro de uma necessidade do mundo. Uma necessidade que às vezes ainda não está nem revelada. Ela vai na frente, assim, suprindo as faltas, as lacunas que o mundo está precisando”, defende Evelin.
Inquieto, o artista vive entre Teresina e Amsterdam, onde é professor da Escola Superior de Artes de Amsterdam, desde 1999. Além disso, opera no CAMPO, um espaço de Residência e Resistência das Artes Performáticas em Teresina, sua plataforma Demolition Incorporada. “O mundo está pedindo outra coisa. Acho que a gente tem que se organizar com outros paradigmas para ideia de de arte performática pra ideia de um corpo em cena. Isso é uma coisa que tem me tomado muito tempo pensando, no geral, no meu trabalho“.
Agora, ele se prepara para 6 dias tocando e sendo tocado na Bienal.
Se você mora ou pode estar em Campinas no período, não dá pra perder!
A residência contará com 40 pessoas envolvidas num emaranhamento íntimo de corpos. Quer viver essa experiência? Inscreva-se!
Serviço:
Residência artística “BARRICADA” de 17 a 22/9. Domingo a sexta das 14h às 18h na Sala dos Toninhos – Estação Cultura. Av. Francisco Teodoro, 1050, Vila Industrial.
Apresentação da performance nos dias 21 e 22/9, às 19h, na Estação Cultura. Av. Francisco Teodoro, 1050, Vila Industrial.
Duração: 26 horas.
Para pessoas a partir de 18 anos.
Inscrições limitadas por seleção, feita mediante envio de carta de interesse, que deve conter uma mini biografia e suas motivações para participar da atividade. Enviar para o endereço formativas.bienal@sescsp.org.br até 28/8 colocando “BARRICADA” no título.
Grátis.
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