30 anos do Grupo Cena 11

Notas da redação

Em 1993, um grupo de jovens bailarinos se reúne em Florianópolis para criar uma companhia de dança profissional. Sem nenhum modelo a ser seguido, o Cena 11 inventou o próprio modo de existir e sua linguagem. Nessas três décadas, construiu um sólido terreno para se firmar como uma das maiores companhias de dança do Brasil e do mundo.

Entre esses artistas-fundadores estava Karin Serafin, hoje assistente de direção, figurinista e produtora do Cena 11. Karin revela que no início o desejo do grupo era colocar o trabalho para o mundo, e que hoje há outro tipo de urgência. “No começo tem uma esperança e essa coisa jovem de ir construindo uma coisa e descobrindo ao mesmo tempo. E agora, ao longo desses 30 anos, isso muda um pouco porque existe uma responsabilidade, que é de manter essa companhia. De não deixar esse trabalho acabar“, afirma Karin, que está na companhia desde sua criação, em 1993.

No palco erguido dentro do galpão do Sesc Campinas, o grupo trouxe para a 13a Bienal Sesc de Dança seu mais novo trabalho: Eu não Sou Só Eu Em Mim – Estado da Natureza | Procedimento 1, dirigido por Alejandro Ahmed. O público presenciou um ritual techno com direito a todo o ecossistema que é desenvolvido pelo Cena 11, como quedas, integração de inteligência artificial, som, luzes, dança, aparatos tecnológicos e rudimentares numa perfeita simbiose. O espetáculo faz parte da nova pesquisa da companhia, “Estado de Natureza”, que é dividida em seis procedimentos que investigam dança, artes visuais, cinema, tecnologia, música, captação e edição de vídeo.

 

Foto: Beto Assem


São estudos que hoje nutrem internamente a pesquisa artística do grupo, e que em algum momento também será compartilhado com o público, mas não necessariamente em forma de espetáculo. “É uma organização de trabalho que depende de financiamento. Para levantar um espetáculo a gente precisa de um financiamento ainda maior“, pontua Karin. Mesmo sendo uma das maiores companhias de dança do Brasil, o Grupo Cena 11 está desde 2012 sem patrocínio para trabalhos continuados e vive de pequenos editais de fomento e cachês de apresentações.


A companhia está interessada também em se aproximar de novos criadores e manter vivo o meio ambiente cultivado a várias mãos há 30 anos, e que deixa em transe todos que têm contato com sua dança. “Não podemos deixar que esse trabalho inteiro, de criação, pesquisa desenvolvida no movimento e as outras áreas que interagem com a dança do Cena 11, morrer” esperança Karin.